Vale de Casablanca: vinhos e enoturismo nos arredores de Santiago
Saímos bem cedo do hotel, em Santiago, por volta das 7h. Tomamos o túnel que desafogou ao trânsito na zona central da cidade rumo à Ruta 68, caminho que leva até a cidade costeira de Valparaíso, com desvio até o Vale de Casablanca, que está a meio caminho entre as duas cidades. São cerca de 90 quilômetros entre a região vinícola e a capital chilena, trajeto que dura entre 1h15 e 1h30.
O dia estava ensolarado, bem claro, sem muitas nuvens. Até que entramos na estrada menor, em descida suave, que nos leva até Valparaíso, passando por Casablanca. A neblina densa surge ao longe, como acontece ali, dia sim, o outro também. É justamente esta névoa que marca o caráter da paisagem, e dos vinhos locais. Características climáticas muito particulares, que são muito apropriadas para a produção de vinhos aromáticos, com uvas brancas, de uma maneira geral, e de outras que gostam de climas mais frescos, como Sauvignon Blanc, Riesling, Gewürztraminer e Pinot Noir, e até a rara Sauvignon Gris.

Logo entramos na massa nebulosa, escureceu, e perdemos a visibilidade da estrada que é bonita como geralmente são as zonas vinícolas. Chegamos à Vinícola Casablanca, ainda enxergando muito pouco dos vinhedos. Víamos as rosas no início de cada fileira, e mais alguns metros de vinhas.
Durante quase toda a manhã as plantas ficam preservadas do sol, protegidas pela névoa densa. Só por volta de 11h o calor começa a dissipar a neblina, e essas condições fazem, por exemplo, algo raro de se ver: as uvas brancas ficam plantadas nas partes mais baixas, enquanto as tintas, que recebem primeiro o sol matinal, ocupam as encostas mais elevadas. Mas mesmo com a insolação forte que avança pela tarde, outra questão geográfica favorece os vinhos produzidos ali: a proximidade com o mar. Os vinhedos ficam a poucos quilômetros do Pacífico, que joga os seus ventos gelados para refrescar as uvas. Neste processo, são produzidos ali alguns doa vinhos sul-americanos que mais gosto, os melhores para se beber no verão, além dos nossos espumantes brasileiros.
Além disso, pela proximidade com a capital, é a melhor região vinícola para os que estão em Santiago, depois do Maipo (está é imbatível, porque além de se chegar de metrô até a área, ali estão algumas das principais bodegas do Chile, as mais antigas, com os seus prédios históricos e tours muito bem montados, com ótima estrutura para acolher os visitantes). São várias vinícolas abertas ao público, com construções modernas, ótimos vinhos e degustações, alguns dos melhores restaurantes do país, e muito boa qualidade nas visitas guiadas.
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E mais:
– Cefiro, Nimbus, Neblus e Pinot de Cerro: os vinhos da chilena Viña Casablanca
– As diversas modalidades de enoturismo no Vale de Casablanca
– Restaurante Portofino, em Valparaiso: almoço marinho com acento italiano com vista para o Pacífico
Deixo, ainda, o link para algumas matérias antigas, que ainda estão com informações valendo.
– Viña Vik (a primeira matéria publicada no Brasil sobre esta incrível vinícola chilena. Mais essa, sobre os vinhos)
– Mais Viña Vik (texto da revista da TAM, do amigo Arthur Azevedo, meu companheiro naquela antológica viagem)
– Depois do terremoto (PDF da matéria de fevereiro de 2011, para o Boa Viagem)
– O charme e as possibilidades de Santiago
– Aconcágua e Maule: quando viajar compensa
– A partir das redondezas de Santiago, um passeio pelas vinícolas do Chile